Nunca é tarde para refletir sobre a importância que tem a presença, tanto física como emocional, do pai para o desenvolvimento dos filhos.
Estamos muito acostumados a viver em um matriarcado encoberto, um pseudopatriarcado, quando na verdade esta cultura gira em torno da mulher. No entanto, considero que já é tempo de dar passagem ao homem e deixá-lo exercer sua função dentro da sociedade e da família, uma função que vai além daquela de provedor. Refiro-me à função paterna que, se não soubessem os homens que são pais, é de vital importância para o desenvolvimento de seus filhos, assim como foi para o próprio desenvolvimento deles mesmos.
Já estamos cansados de responsabilizar as mães por tudo o que não funciona bem no processo de desenvolvimento psíquico de um menino, no entanto, é o pai quem ajuda os meninos (varões) a formar uma identidade masculina e quem ajuda as meninas a se sentir mulheres atraentes, bonitas, dignas de ser queridas por um homem. A mãe influi, com certeza. Não pretendo deslocar agora a responsabilidade completa para a figura paterna, no entanto, insisto, é o pai que, com sua presença e com sua “lei” auxilia a mãe e a criança para que eles possam se separar emocionalmente e, então, a criança possa ser concebida como um ser independente e não como um apêndice ou uma extensão da mãe.
Com isto, quero dizer que é o pai que vem representar o terceiro em discórdia na relação dual entre a criança e a mãe, vem romper com esta simbiose que, ao não alcançar a separação, fundiria a criança com sua mãe (falando em termos psíquicos) e a transformaria em uma pessoa que não poderia estabelecer um contato com o mundo por si mesma, ou seja, levaria a criança à loucura, a uma fusão total de identidade com a mãe. Graças a isto (que o pai seja o terceiro em discórdia), os meninos conseguem estabelecer sua identidade masculina, e as meninas sua identidade feminina, é o que vai colocar a “cereja sobre a torta” para que este difícil processo de consolidar uma identidade própria, não somente a identidade psicossexual, seja levada a cabo com sucesso. Vocês acham pouco?
E tem mais, o pai impõe a lei, isto é, é quem deve estabelecer as normas, é o representante da autoridade. Alguma vez escutei por aí a seguinte frase: “A mãe é amor com autoridade e o pai é autoridade com amor” e, na verdade, nada me parece mais certo. Imaginem, senhores pais de família, que de vocês depende que nossas crianças aprendam a respeitar a lei, isto é, a autoridade. Bem, se não ficou suficientemente claro, explicaremos de forma mais dramática.
Se o pai não ensinar aos filhos a respeitar a autoridade, estas crianças serão pessoas que não terão a capacidade para viver em sociedade, pois não será possível que respeitem os seus semelhantes porque não haverá quem lhes tenha ensinado a respeitá-los com seu exemplo. Com certeza, não se trata de impor esta lei com golpes, porque já sabemos os resultados disso hoje em dia.
Desta maneira, meus senhores, vocês serão os responsáveis por formar os delinqüentes que andem pelas ruas roubando e seqüestrando as pessoas, ou os banqueiros que cometem fraudes ou os políticos que somente se preocupam por seu bem-estar, sem dar importância às conseqüências de seus atos, inclusive para toda uma nação. Ficou ainda alguma dúvida sobre a importância de sua presença para o desenvolvimento de seus filhos?
Vejam bem, vocês poderão argumentar: “O problema é que as mulheres não nos deixam participar” ou “Isto é coisa de mulheres”. Prezados senhores, estamos em pleno século XXI! Ou ainda, a recente: “O que acontece é que não temos tempo para nada”, porém quem quer pode e encontra tempo. É muito importante que fique claro que a mesma importância de pagar as contas e as mensalidades dos colégios, ou outras coisas mais, tem também dedicar tempo a nossos filhos. Não duvido que existam mulheres que ainda não permitam a participação do pai nas tarefas de educar e criar o filho, mas os senhores têm ou não vontade própria? Claro que é muito mais fácil ver as coisas de fora e depois dar a culpa aos demais daquilo que não fazemos.
Por outro lado, estão – infelizmente, cada vez com mais freqüência – as famílias monoparentais, as quais em sua maioria, estão formadas pela mãe e filhos, brilhando por sua ausência o pai. A estas mães, encarregadas pela criação dos filhos, eu as convidaria a realizar uma auto-observação e auto-avaliação sobre como falam a seus filhos e filhas sobre o pai deles, como se referem a ele, o que estão lhes transmitindo, que idéia de homem estão projetando em seus próprios filhos do sexo masculino e em suas filhas. Nos casos como este, a figura paterna será transmitida pela mãe que, consciente ou inconscientemente transmitirá a seus filhos a boa ou má imagem masculina. Isto será realizado a partir de sua própria experiência (boa ou má) com a figura masculina, isto é, do relacionamento com seu próprio pai e com seu ex-cônjuge.
Reflitam sobre isso e, uma vez que tenham respondido a estas perguntas, tantas coisas poderão ser explicadas. Não devemos descarregar sobre nossos filhos as relações frustradas com os pais deles, finalmente são seus pais e vocês os escolheram, o que não significa que tenhamos de mentir aos filhos sobre quem é, na verdade, o pai deles. Deixem que sejam eles que, por si mesmos, possam perceber isso e os ajudem a curar essa má imagem do pai. Já que é, a partir dessa atitude, que eles formarão uma idéia sobre o que significa não só ser pai, como também como ser uma pessoa íntegra, comprometida, integrada à sociedade participativa, que trabalhe em benefício de todos.
Assim que, espero tê-los deixado com “a pulga atrás da orelha” e que possamos nos conscientizar, cada vez mais, tanto homens como mulheres, da importância de ser pai em toda a extensão da palavra. Lembrem de que o pai é quem nos ajuda a consolidar nosso:
• Sentido de identidade pessoal.
• Identidade masculina ou feminina, segundo o caso.
• Forma a moral e o respeito pela autoridade e por nossos semelhantes.
De modo que, pais de família, os exorto a que participem ativamente e não agressivamente da formação de seus filhos. Sejam protagonistas e não expectadores da vida e do desenvolvimento de seus filhos, que eles – mais cedo ou mais tarde – certamente agradecerão.
Por: Bertha Parra Lemus